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Foto: Gazeta Real Uruará |
Amêndoa
foi o destaque de alta entre as commodities na bolsa de Nova York em novembro;
problema com oferta também impulsionou o café
Uma
reviravolta nas expectativas em relação à safra 2024/25 de cacau no oeste da África e o pessimismo
com a produção de café no ciclo 2025/26 no Brasil fizeram
das duas commodities os destaques de alta no mercado internacional em novembro.
Enquanto o cacau subiu quase 24% no mês na bolsa de Nova York, o café teve alta de mais
de 10% e marcou preço recorde.
A
temporada 2024/25 do cacau começou com boas perspectivas em outubro, graças a
chuvas favoráveis em Gana e na Costa do Marfim, que respondem por 70% da
produção mundial. Mas o temor de um novo déficit na oferta azedou o humor dos
investidores. Como reflexo, as cotações dispararam. De acordo com levantamento
do Valor Data, os contratos de segunda posição do cacau subiram 23,4%, para o
valor médio de US$ 8.064 a tonelada.
Para
Ricardo Gomes, gerente de desenvolvimento territorial do Instituto Arapyaú, que
promove ações sustentáveis na cadeia do cacau, a percepção do mercado sobre a
safra no oeste da África mudou a dinâmica dos preços em Nova York.
“As
chuvas na Costa do Marfim e em Gana estavam muito boas, mas nos últimos dois
meses o excesso de água nos cacaueiros pode impactar a previsão de colheita”,
disse Gomes, referindo-se à produção da safra intermediária, que começa em
abril de 2025.
Em
novembro, alguns analistas apontaram que a piora nas projeções de oferta podem
levar a um novo déficit de cacau no mundo na safra 2024/25, que seria o quarto
consecutivo.
Café
Com
alta de 10,52% em novembro, os contratos de segunda posição do café arábica
fecharam o mês com valor médio de US$ 2,7795 a libra-peso, segundo o Valor
Data.
Guilherme
Morya, analista de café do Rabobank, observou que a tendência para o grão já
era de alta devido a problemas como falta de contêineres para exportação e
aumento na demanda. O pessimismo com a próxima safra de café no Brasil foi a
‘‘cereja do bolo’ que levou à disparada nos preços. Em 27 de novembro, o
arábica foi negociado a US$ 3,2305 a libra-peso em Nova York, maior patamar da
série histórica do Valor Data.
“O
retorno das chuvas em setembro proporcionou uma florada fantástica, indicando
uma boa produção. Mas os relatos que vêm do campo são de problemas com o
pegamento do fruto. Em algumas áreas produtoras, como Cerrado e a Alta Mogiana,
esse quadro é ainda mais evidente”, disse o analista.
Também
em Nova York, o algodão fechou o último mês em queda de 2,55%, com um valor
médio de 71,32 centavos de dólar a libra-peso para os contratos de segunda
posição. No açúcar, a baixa mensal foi de 2,38%, para 20,21 centavos de dólar a
libra-peso, segundo o Valor Data.
Já
o suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) caiu
0,86%, cotado a US$ 4,6952 a libra-peso.
Bolsa de Chicago
Na
bolsa de Chicago, enquanto trigo e soja caíram em novembro, o milho teve ligeira alta. Os contratos de
segunda posição do trigo recuaram 6,1%, para US$ 5,6951 o bushel, em média. O
motivo para a baixa, segundo analistas, foi a melhora do clima nas Grandes
Planícies, que beneficiou o cereal em fase final de semeadura na região que é a
principal área produtora de trigo de inverno nos EUA.
Além
disso, a alta do dólar no exterior também reduziu a competitividade das
exportações americanas de trigo em novembro. Enquanto os EUA negociaram o
cereal a US$ 247 a tonelada no fim de novembro, o valor na Rússia era US$ 227.
Na Argentina, US$ 223, e na França, US$ 236, segundo a T&F Consultoria
Agroeconômica.
No
mercado da soja em Chicago, a continuidade do clima favorável para as lavouras
do Brasil e da Argentina pressionou as cotações. Os contratos de segunda
posição caíram 1,28%, para o valor médio de US$ 10,0376 o bushel. Já o milho
subiu 0,92%, para o US$ 4,3563 o bushel, em média, apesar de não haver
fundamentos que justifiquem o cenário de alta.
Fonte: Globo Rural