Ex-ajudante
de ordens prestou depoimento ao Supremo nesta segunda (9)
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© TON MOLINA/STF |
O
primeiro a depor foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair
Bolsonaro, que fez delação premiada à Polícia Federal (PF). Ele é a principal
testemunha de acusação, por ter presenciado grande parte dos fatos.
Decreto
golpista
Mauro
Cid confirmou que Jair Bolsonaro participou da edição do decreto golpista,
apresentado por Filipe Martins, assessor do ex-presidente, que também é réu
pela trama golpista. Cid afirmou que, na versão final, somente o ministro
Alexandre de Moraes seria preso:
“Eu
não me ative muito nos detalhes do documento, mas seria conduzir uma nova
eleição, baseado numa eleição anulada. [...] (Bolsonaro) recebeu e leu (o
documento). Ele enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões.
Somente o senhor ficaria como preso”.
O
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confirmou que ocorreram diversas reuniões do
ex-presidente com os comandantes das tropas para discutir o golpe de Estado,
que teve apoio apenas do almirante Almir Garnier, então comandante da Marinha e
também um dos réus da ação penal.
Fraude
nas urnas
Mauro
Cid disse ainda que a intenção de Bolsonaro era tentar provar alguma fraude nas
urnas eletrônicas para ampliar a mobilização de seus seguidores, mas que não
houve nenhuma comprovação de problemas nas eleições:
“Sempre
se teve a ideia que pudesse, até o final do mandato, aparecer uma fraude real
nas urnas, tanto que, em todas as minhas mensagens que foram abertas por parte
da investigação, em todas elas eu falo que não foi encontrada nenhuma fraude,
que tudo ficou no campo da estatística e que, de certa forma, não ia acontecer
nada. Até porque não tinha apoio dos comandantes militares e não tinha subsídio
de ter encontrado uma fraude ou algo que pudesse ser o estopim de algo”.
Pressão
de aliados
Para
Mauro Cid, havia pressão de aliados de Bolsonaro para que fossem tomadas
medidas mais radicais para impedir a posse do presidente Lula:
“Tinha-se uma pressão grande se os generais que estavam, o general Freire Gomes, não fossem fazer nada, que uma alternativa seria trocar os comandantes, para que o próximo comandante do Exército assinasse ou tomasse uma medida mais dura e radical. Então, isso estava dentro daquele contexto de pressionar os militares de alguma forma ou pressionar o presidente a assinar o decreto. Toda a pressão que estava sendo feita em cima do presidente era para que o presidente assinasse um decreto. Que ele assinasse um decreto que determinasse uma ação militar, o estado de defesa, estado de sítio”.
Os
interrogatórios dos réus devem continuar nesta terça-feira (10), começando pela
manhã, por ordem alfabética: primeiro, o ex-diretor da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem; depois o almirante Almir Garnier; o
ex-ministro da justiça Anderson Torres; o general Augusto Heleno; o
ex-presidente Jair Bolsonaro; o general Paulo Sérgio Nogueira; e, por último,
general Walter Braga Netto.
Os
réus desse primeiro núcleo respondem pelos crimes de organização criminosa
armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe
de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Por:
Gésio Passos/Rádio Nacional
Fonte:
Radioagência Nacional
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