Economistas comentam efeitos do tarifaço para o Brasil
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Foto: © VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL |
A
medida veio após a China aumentar para 84% as taxas cobradas sobre produtos dos
Estados Unidos, em mais um capítulo da guerra tarifária de Trump. Em paralelo,
Canadá e União Europeia podem impor tarifas de 25% sobre produtos americanos.
Esse
conflito deve reduzir o comércio global no curto prazo, com impacto nos juros e
no preço do dólar.
No
Brasil, como no resto do mundo, a moeda americana já disparou e superou os R$
6,00. É porque o dólar ainda é considerado um porto seguro para os investidores
em momentos de incertezas, como explica o professor de economia da UnB, Cesar
Bergo. Para ele, o Brasil vai ter que esperar a temperatura baixar.
Então
é de se esperar um aumento. Embora tenhamos reservas, o Banco Central
brasileiro vem queimando reserva nos últimos meses, inclusive para manter essa
estabilidade. Mas nesse momento não há o que fazer. É aguardar a calmaria, como
diz o ministro Haddad, esperar a poeira baixar.
Com
o comércio global esfriando, há menos produção — e, assim, diminui também a
procura por petróleo. A tendência é de que os preços baixem, mas o dólar alto
deve compensar essa diferença, explica o professor Cesar. Então, talvez a gente
ainda não veja a gasolina ficar mais barata.
Dentro
da metodologia da Petrobras é importante que se tenha tanto uma queda no preço
do barril como uma queda no preço do dólar. Senão um acaba compensando o outro
e o preço do combustível no final acaba não caindo. E o que vai determinar
também é a questão da demanda, se de fato permanecer essa política tarifária
com redução nas produções no mundo inteiro, a tendência é que o preço dos
combustíveis também vem a cair nos próximos meses.
O
professor de economia da Universidade Federal do Paraná, Marcelo Curado, afirma
que se a China perder o mercado americano, vai ter que encontrar outros
compradores. Então, a América Latina — incluindo o Brasil, claro — pode ser um
destino.
Pode-se
ter um impacto por um lado positivo de produtos chineses mais baratos aqui mas
o que também se a gente olhar do conjunto de emprego pode ter um impacto sobre
alguns setores industriais. Então a gente precisa ainda pensar um pouquinho no
tempo quando fala Brasil e China. Brasil e China têm uma relação muito
consolidada.
O
professor Curado não acredita que essa guerra tarifária continue por muito tempo,
por causa dos impactos negativos. E o mundo já viveu isso antes.
No
século passado, ns década de 30, quando os países começaram a se fechar demais,
a reduzir comércio. É ruim para todo mundo porque o comércio traz benefícios.
Você consegue adquirir produtos mais baratos. Para os consumidores isso é ruim.
Mas especificamente para o Brasil, eu acho que no curto prazo o efeito é sobre
alguns setores específicos. Agora continuando essa guerra, e aí ter uma pressão
de inflação nos Estados Unidos, provavelmente um aumento de juros americano,
isso afeta também a taxa de juros no Brasil.
Segundo
o professor, os exportadores brasileiros, especialmente de aço e alumínio, vão
ter que buscar novos mercados se as taxas permanecerem altas nos Estados Unidos.
Por:
Gabriel Brum/Rádio Nacional
Fonte:
Radioagência Nacional