quinta-feira, 25 de agosto de 2022

AGRICULTORES SE MOBILIZAM CONTRA A OPERAÇÃO GUARDIÕES DO BIOMA NA TI CACHOEIRA SECA

Multas e autuações foram lavradas nesta quarta-feira, 23, e agricultores querem direitos garantidos e não opressão   

Multas e autuações foram lavradas nesta quarta-feira, 23, e agricultores querem direitos garantidos e não opressão  

Desde o sábado, 20, está acontecendo uma etapa da Operação Guardiões do Bioma deflagrada pelos órgãos federais, como IBAMA, Funai, Força Nacional, Polícia Federal e Ministério Público Federal, com o apoio da Polícia Militar do Distrito Federal, na vicinal do km 185 sul - ramal 190 sul, zona rural do município de Uruará (PA), área de produção agrícola que a partir de 2016 após homologação assinada pela então presidente Dilma Rousseff (PT) tornou-se área indígena pertencente a Cachoeira Seca dos índios araras. No cumprimento da operação os órgãos federais com grande poder bélico acamparam numa propriedade rural alvo da atuação (no ramal 190 sul), onde diversas cabeças de gado estariam em situação de apreensão, sendo que a propriedade tem uma pequena parte (cerca de 20%) embargada devido a desmatamento ilegal. Em face a operação federal, os agricultores que vivem na área homologada indígena (em 2016), muitos deles há mais de 3 décadas, se mobilizaram tenebrosos quanto ao futuro das cercas de 3 mil famílias que vivem na região, sobre a insegurança de a qualquer momento terem suas casas invadidas, seus bens avariados e produção agrícola e de animais perdidas.

Os agricultores estão reunidos numa propriedade a 85 quilômetros da cidade de Uruará, de onde acompanham a cerca de 10 km de distância a operação do Ibama e se organizam para lutar por seus direitos. Entre os anseios dos agricultores está: que seja feita a definição final de indenizações e nova área para onde possam ir, se estabelecer e produzir de forma legal. Ou que a área seja remarcada, passando a demarcação em local onde de fato é terra indígena, deixando as propriedades já produtivas livres para continuar fornecendo alimento e garantindo o sustento das famílias. Os agricultores se defendem que não são invasores, como prega a mídia nacional, e sim que tiveram suas terras engolidas pela demarcação equivocada da área indígena.

A nossa reportagem esteve na Transiriri nesta quarta-feira, 24, e conversou com os cerca de 200 agricultores reunidos no local de mobilização e que dizem não serem contra a operação dos órgãos federais, mas que esperam solução para a questão e não apenas serem tratados com opressão. Os produtores rurais afirmam que o agricultor alvo da operação é um morador antigo da localidade e que o foco do órgão ambiental seriam pessoas que chegaram a área a partir de 2016 após homologação com terra indígena.

Eles estão mexendo com gado de 3 pessoas. E nós estamos desde segunda-feira (22) aguardando um posicionamento deles (órgãos federais). Até agora não mostraram nenhum papel para a gente sobre a legalidade da operação. O que nos preocupa é que apenas cerca de 20% da propriedade do Louande estava embargada. Só que o gado dele vai ser confiscado e a casa dele vai ser desmanchada e ele vai ter que sair, e a casa dele está na área que não tem embargo e apenas 8 cabeças de gado estavam na área que tem embargo. E o Louande entrou para cá antes da homologação. E há o medo de isso acontecer com mais agricultores que não estão com suas propriedades embargadas. Precisamos que o governo libere a emissão do CAR de nossas propriedades para que possamos renovar o GTA dos nossos rebanhos. Tem um caminhão que ficou apreendido e quando eu perguntei o motivo eles (órgãos federais) me disseram que era porque estava transportando gado dentro de terra indígena. Então isso abre o precedente para que outros caminhoneiros no futuro não queiram colocar o caminhão aqui dentro para puxar gado de nossas propriedades. Então essa operação está abrindo vários precedentes que vai nos colocando cada dia mais encurralados e isolados. O estado está tolhendo nossos direitos e não está dando chances de podermos nos organizar e regularizar nossas terras. A partir do momento que eles homologaram nossa terra e deram nossa terra para os indígenas,

Multas e autuações foram lavradas nesta quarta, 24; agricultores querem direitos atendidos e não apenas opressão

Desde o sábado, 20, está acontecendo uma etapa da Operação Guardiões do Bioma deflagrada pelos órgãos federais, como IBAMA, Funai, Força Nacional, Polícia Federal e Ministério Público Federal, com o apoio da Polícia Militar do Distrito Federal, na vicinal do km 185 sul - ramal 190 sul, zona rural do município de Uruará (PA), área de produção agrícola que a partir de 2016 após homologação assinada pela então presidente Dilma Rousseff (PT) tornou-se área indígena pertencente a Cachoeira Seca dos índios araras. No cumprimento da operação os órgãos federais com grande poder bélico acamparam numa propriedade rural alvo da atuação (no ramal 190 sul), onde diversas cabeças de gado estariam em situação de apreensão, sendo que a propriedade tem uma pequena parte (cerca de 20%) embargada devido a desmatamento ilegal. Em face a operação federal, os agricultores que vivem na área homologada indígena (em 2016), muitos deles há mais de 3 décadas, se mobilizaram tenebrosos quanto ao futuro das cercas de 3 mil famílias que vivem na região, sobre a insegurança de a qualquer momento terem suas casas invadidas, seus bens avariados e produção agrícola e de animais perdidas.

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Os agricultores estão reunidos numa propriedade a 85 quilômetros da cidade de Uruará, de onde acompanham a cerca de 10 km de distância a operação do Ibama e se organizam para lutar por seus direitos. Entre os anseios dos agricultores está: que seja feita a definição final de indenizações e nova área para onde possam ir, se estabelecer e produzir de forma legal. Ou que a área seja remarcada, passando a demarcação em local onde de fato é terra indígena, deixando as propriedades já produtivas livres para continuar fornecendo alimento e garantindo o sustento das famílias. Os agricultores se defendem que não são invasores, como prega a mídia nacional, e sim que tiveram suas terras engolidas pela demarcação equivocada da área indígena.

Momento de conversação entre Ibama e agricultores

A nossa reportagem esteve na Transiriri nesta quarta-feira, 24, e conversou com os cerca de 200 agricultores reunidos no local de mobilização e que dizem não serem contra a operação dos órgãos federais, mas que esperam solução para a questão e não apenas serem tratados com opressão. Os produtores rurais afirmam que o agricultor alvo da operação é um morador antigo da localidade e que o foco do órgão ambiental seriam pessoas que chegaram a área a partir de 2016 após homologação com terra indígena.

Eles estão mexendo com gado de 3 pessoas. E nós estamos desde segunda-feira (22) aguardando um posicionamento deles (órgãos federais). Até agora não mostraram nenhum papel para a gente sobre a legalidade da operação. O que nos preocupa é que apenas cerca de 20% da propriedade do Louande estava embargada. Só que o gado dele vai ser confiscado e a casa dele vai ser desmanchada e ele vai ter que sair, e a casa dele está na área que não tem embargo e apenas 8 cabeças de gado estavam na área que tem embargo. E o Louande entrou para cá antes da homologação. E há o medo de isso acontecer com mais agricultores que não estão com suas propriedades embargadas. Precisamos que o governo libere a emissão do CAR de nossas propriedades para que possamos renovar o GTA dos nossos rebanhos. Tem um caminhão que ficou apreendido e quando eu perguntei o motivo eles (órgãos federais) me disseram que era porque estava transportando gado dentro de terra indígena. Então isso abre o precedente para que outros caminhoneiros no futuro não queiram colocar o caminhão aqui dentro para puxar gado de nossas propriedades. Então essa operação está abrindo vários precedentes que vai nos colocando cada dia mais encurralados e isolados. O estado está tolhendo nossos direitos e não está dando chances de podermos nos organizar e regularizar nossas terras. A partir do momento que eles homologaram nossa terra e deram nossa terra para os indígenas, aos quais não temos absolutamente nada contra eles e eles (índios) já deixaram claro que não querem essa área. Essa é uma questão da Funai. Estamos nos organizando de forma pacífica para fazermos uma grande manifestação possivelmente na rodovia Transamazônica (BR230), quanto mais gente melhor, só estamos definindo ainda as data e localidade”, disse Alex, filho de agricultor que é um dos líderes da mobilização.

A nossa reportagem também tentou conversar com a coordenação da operação, e após sermos recebidos por homens das forças de segurança fortemente armados, um agente do Ibama nos informou apenas que se trata da operação Guardiões do Bioma e que a mesma continuará acontecendo por tempo indeterminado no local e que nesta quarta-feira, 24, foram lavradas as autuações e foram aplicadas multas em desfavor dos produtores alvos da operação. Os valores das multas não foram revelados.

A nossa reportagem tenta contato com o Ibama em Brasília.

Operação Guardiões do Bioma

Segundo publicação do Ministério da Justiça e Segurança Pública disponibilizada no site do governo federal nesta terça-feira, 23, para combater o desmatamento ilegal, queimadas e incêndios florestais, proteger as terras indígenas e desmantelar organizações criminosas, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) executa, desde 2021, a Operação Guardiões do Bioma, de forma permanente, e conta com a atuação integrada de órgãos federais e estaduais. São três eixos de atuação: combate ao desmatamento ilegal, queimadas e incêndios florestais e proteção de terras indígenas.

Investimento

Em 2022, o investimento nos três eixos é de R$ 232,5 milhões. Desse valor, R$ 60 milhões são para o combate a queimadas e incêndios florestais, R$ 170 milhões para o combate ao desmatamento Ilegal e R$ 2,5 milhões para a proteção da Terra Indígena Yanomami.

A segunda fase da operação foi lançada em junho de 2022 e tem previsão de término em 31 de janeiro de 2023.

Fonte: gazeta Real Uruará

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